A OMS tem vindo a reforçar o papel estratégico das tecnologias para garantir o acesso universal à saúde

saúde

Vivemos tempos onde a tecnologia está presente em todo o lado — nos nossos bolsos, nas nossas casas, até nos nossos punhos. Ainda assim, quando falamos de saúde, há quem olhe com desconfiança para o fenómeno crescente da digitalização. Mas a verdade é que a prestação de cuidados de saúde via digital não é uma tendência passageira, neste momento tornou-se numa necessidade.

A Organização Mundial da Saúde tem vindo a reforçar o papel estratégico das tecnologias para garantir o acesso universal à saúde. Não estamos apenas a falar de aplicações para marcar consultas ou de relógios que contam passos, falamos de ferramentas que podem salvar vidas. Desde plataformas que permitem diagnósticos à distância, de sistemas que minimizam erros clínicos, de dados que ajudam a antecipar surtos e a prevenir doenças.

Pensemos nas zonas do interior, onde existe carência de profissionais de saúde, assim como unidades de saúde a quilómetros de distância, nestes locais a telessaúde não é um luxo, é um elemento essencial. Vale a pena refletir também nos seniores, tantas vezes esquecidos, para quem uma simples telemonitorização pode fazer toda a diferença ou nos jovens com ansiedade, que encontram nas consultas online um espaço seguro que talvez não tenham noutras esferas da sua vida.

Mas para que esta revolução digital seja, de facto, inclusiva e eficaz, há perguntas que não podemos ignorar: Quem está a ficar para trás? Quem não tem acesso à internet? Quem não sabe usar estas tecnologias? E, sobretudo, quem protege os nossos dados de saúde, que são dos mais sensíveis que existem?

A saúde digital é uma ferramenta poderosa, mas como qualquer ferramenta, precisa de ser bem usada. Com ética, clareza, formação adequada para profissionais e cidadãos, mas sobretudo com investimento público sério em soluções estruturais.

Neste Dia Mundial da Saúde, talvez a pergunta certa não seja “estamos preparados para a digitalização de saúde?”, mas sim “podemos mesmo continuar sem ela?”. A resposta, creio, é evidente.

Rui Costa
Enfermeiro

Partilhar:
Scroll to Top