No Dia Mundial da Doença de Parkinson, o nosso olhar deve ir além dos sintomas motores e focar-se no impacto profundo que esta condição neurológica tem na saúde mental dos doentes. É fundamental compreender que esta condição neurológica progressiva transcende as manifestações físicas, impondo uma série de desafios psicológicos, entre as quais se destacam a Ansiedade e a Depressão.
Sendo as mais comuns na Doença de Parkinson e afetando cerca de 50% dos pacientes, a Ansiedade e a Depressão não são meramente reações ao diagnóstico e às dificuldades impostas por esta doença crónica. Acredita-se que as alterações neurológicas no cérebro contribuem para estas condições podendo, em alguns casos, preceder as manifestações motoras. A Ansiedade perante os primeiros sintomas, o medo da progressão, as dificuldades na comunicação e o confronto com a perda de autonomia, reforçam a necessidade de um olhar atento para a dimensão psicológica desta doença. A isto, somam-se as alterações cognitivas, como os problemas de memória e a lentificação do pensamento, os quais interferem significativamente na vida diária e na percepção de competência pessoal dos pacientes.
Como profissionais de saúde, é imperativo estarmos atentos a estes sintomas, muitas vezes invisíveis, e oferecer estratégias que vão além do tradicional. A psicoterapia, a psicoeducação e o apoio ao cuidador revelam-se ferramentas fundamentais para ajudar os doentes a ressignificar as suas vivências e encontrar novas formas de lidar com a doença
Perante estes desafios complexos, as intervenções digitais apresentam um potencial significativo no apoio psicológico a pessoas com Doença de Parkinson. A evidência científica mostra que as abordagens digitais não apenas superam barreiras geográficas — sobretudo em face das limitações da mobilidade — como também promovem a autoeficácia e o autocuidado destas pessoas, permitindo uma participação mais ativa na gestão da sua própria condição.
Neste Dia Mundial da Doença de Parkinson, reconheçamos a importância da saúde mental e o papel crucial da medicina digital em oferecer um futuro com mais apoio, autonomia e qualidade de vida para os doentes.
Referências:
Special Edition: Using Technology to Reshape Clinical Care and Research in Parkinson’s Disease. Journal of Parkinson’s Disease, Volume 11, Issue s1 (July 2021).
Stephenson D, Badawy R, Mathur S, Tome M, Rochester L. Digital Progression Biomarkers as Novel Endpoints in Clinical Trials: A Multistakeholder Perspective. Journal of Parkinson’s Disease. 2021; 11(s1): S103-S109. https://www.pharmexec.com/view/open-science-digital-health-parkinsons-disease
Teresa Castanho
Psicóloga